Publicado no Volkskrant em 9 de outubro de 2022. Escrito por Liam van de Ven. As fotos foram feitas por e são propriedade de Raymond Rutting. Também disponível em https://www.volkskrant.nl/economie/ondernemen-in-duurzaam-wc-papier-deze-twee-jonge-ondernemers-doen-het-rol-voor-rol~bc039ae4/
Os estudantes de 24 anos Leroy Ranglek e Joseph Nickisch queriam lançar juntos um produto no mercado. Mas qual? A solução foi papel higiênico de bambu; uma resposta às emissões e aos danos ambientais causados pela produção de papel.

Joseph Nickisch, co-proprietário da Bamboi, mostra a resistência do papel.
Imagem de Raymond Rutting / de Volkskrant
Em um dia ensolarado de abril de 2021, um colossal caminhão porta-contêineres chegou a um depósito em Hoofddorp. De boca aberta, um grupo de estudantes observava enquanto enfrentavam a hercúlea tarefa de descarregar. Eram mais de 50.000 rolos de papel higiênico, embalados em caixas de 9 quilos cada. Essa foi a primeira entrega, diretamente da China, para a startup Bamboi dos estudantes Leroy Ranglek e Joseph Nickisch (ambos com 24 anos).
A alfândega holandesa também veio verificar, mas logo desistiu de inspecionar cada caixa. Metade foi destinada a algumas garagens e a outra para a residência estudantil de Nickisch. ‘O sótão lá só suportava 500 quilos, e no final acabamos depositando mais de 5.000 quilos de rolos.’
Mais de um ano depois, eles contam isso rindo, mas jamais esqueceram aquele pesadelo. ‘E pagamos aos nossos amigos, que ajudaram com o carregamento, apenas vinte euros, enquanto no final trabalhamos por mais de seis horas.’
Árvores antigas
Segundo Ranglek e Nickisch, o bambu é uma solução para as emissões e os danos ambientais associados à produção de papel. Cortar árvores de trinta anos de idade para produzir papel higiênico usado apenas uma vez é um crime, na visão deles. Por outro lado, o bambu pode estar totalmente crescido em apenas três meses.
Além disso, conta Ranglek: o bambu cresce melhor quando é cortado regularmente. Quando uma plantação de bambu é bem manejada, ela absorve muito mais CO2 do que uma floresta de árvores. Do bambu cortado, é possível produzir uma polpa ideal para fabricar papel. Uma situação em que todos ganham, tanto o meio ambiente quanto os dois vendedores de papel higiênico.
Nickisch e Ranglek se tornaram amigos no primeiro ano do ensino médio em Amsterdam. Juntos, já tiveram mais de uma dúzia de empregos e pequenos empreendimentos, desde vendas ambulantes até o setor de hospitalidade. Em certa ocasião, eles montaram uma pequena plataforma de e-commerce, muito antes de o papel de bambu entrar em seu radar. Decidir empreender juntos já estava decidido. A dúvida era apenas sobre o quê.

Leroy Ranglek teve a ideia de lançar papel higiênico de bambu no mercado.
Imagem de Raymond Rutting / de Volkskrant
Ranglek teve a ideia de lançar papel higiênico de bambu. “Eu queria vender algo que todos usassem. O pai de um amigo tinha sua própria empresa de sacos de lixo, e a partir disso pensei até chegar no papel higiênico. Então pesquisei: o papel higiênico é realmente sustentável? Descobri que definitivamente não, pois tantas árvores são derrubadas. Sendo eu natural da Tailândia, onde o bambu é amplamente utilizado, perguntei: por que não fazemos o papel higiênico de bambu?” A ideia então saiu do papel. Pois, como os fundadores dizem, “quem, sendo jovem, fundaria uma empresa de papel higiênico?”
Após dois anos, a parceria ganhou impulso; a ideia era boa demais para ser deixada de lado. Eles elaboraram um esboço de plano de negócios. Nickisch, que estuda Administração Internacional de Empresas, ficou responsável pela comunicação, pelos contatos com os clientes e pela marca. Ranglek, estudante de Engenharia Mecânica, sabia como fazer um produto funcionar do outro lado do mundo.
Eles encomendaram dezenas de protótipos de tantos fabricantes diferentes, até que finalmente encontraram um produto que atendia a todas as exigências. Suavidade, resistência, peso e, para os empreendedores, um ponto crucial: feito inteiramente de bambu. Do núcleo à embalagem, um rolo Bamboi não contém sequer um grama de papel convencional.
Minor em empreendedorismo
Entretanto, eles cursavam o minor de empreendedorismo na HvA. “Utilizamos esse minor para transformar nosso esboço inicial em um plano de negócios funcional”, diz Nickisch. Quando isso estava estabelecido, sob o olhar atento dos seus professores, eles solicitaram um crédito social de 50 mil euros, dos quais receberam apenas a metade. Nickisch comenta: “Por sermos jovens, não depositaram total confiança em nós.” Com suas próprias economias, juntaram mais 10 mil euros, exatamente o suficiente para encomendar aquela primeira carga gigantesca.
A partir de sua própria loja virtual e, entre outros, pela bol.com, as vendas começaram. “O maior desafio foi gerenciar nosso estoque. Como trabalhávamos com um orçamento menor, não tínhamos espaço suficiente para encomendar uma segunda carga, enquanto as vendas disparavam.”
Ranglek, alguns meses após o início das vendas, participou como convidado de uma transmissão de rádio na NPO4, e logo pela manhã chegaram trinta pedidos. “Se isso tivesse continuado, logo estaríamos esgotados e não conseguiríamos entregar. Teríamos sido engolidos pelo nosso próprio sucesso”, diz Ranglek.
Os momentos mais emocionantes para a Bamboi já passaram. Enquanto ambos concluem seus estudos, estão trabalhando em tempo integral — e mais — para expandir sua empresa. No universo das startups, eles são um sopro de ar fresco em meio a tantos empreendedores de tecnologia. Conquistam prêmio após prêmio pelo seu espírito empreendedor. E o fato de ainda não se pagarem? “Isso não nos preocupa”, diz Ranglek. “Daqui a um ano, certamente poderemos nos pagar um salário, mas por enquanto isso não é tão importante. Ambos temos a intenção de expandir esta empresa e revolucionar a indústria do papel; essa é nossa visão.” Peça o nosso papel higiênico de bambu.
Empresa: BamboiOnde: Amsterdam
Desde: 2020
Número de empregados: 2
Faturamento 2022: 34 mil euros